top of page
  • Foto do escritorRose Campos

Café: um possível aliado contra a hipertensão

Um estudo com 8.780 participantes concluiu que a ingestão moderada da bebida pode reduzir em 20% risco de desenvolver hipertensão



Por Júlio Bernardes / Jornal da USP


O café é um poderoso estimulante. E isso já é de conhecimento da população há muito tempo. Mas, além disso, seu consumo pode ser benéfico para a saúde? De que forma?

Buscando respostas para estas questões, uma pesquisa foi realizada pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. O objetivo foi descobrir a associação entre o consumo de café e o risco de hipertensão.

Com base na análise dos hábitos de consumo da bebida, dados sociodemográficos, de estilo de vida, exames de sangue e medição de pressão arterial de um grupo de 8.780 funcionários públicos, o estudo chegou à conclusão de que a ingestão moderada de café (uma a três xícaras por dia) pode reduzir em 20% o risco de hipertensão. Os resultados do estudo são detalhados em artigo da publicação científica Clinical Nutrition (7/06/2020).

“Através de um questionário padronizado foram obtidos dados sociodemográficos, como idade, sexo, cor da pele, renda familiar per capita, nível educacional”, relata Andreia Miranda, pós-doutoranda da FSP e realizadora do estudo. “Além disso, também foram obtidos dados de estilo de vida, entre os quais prática de atividade física, hábito de fumar, ingestão de bebida alcoólica, bem como o histórico médico-familiar, uso de medicação, além de medição do peso e altura e avaliação do consumo alimentar por meio de um questionário específico.”


O tempo médio de seguimento da pesquisa foi de quatro anos

Durante a pesquisa foi realizada a coleta de sangue para análises bioquímicas e também foi aferida a pressão arterial dos participantes por um enfermeiro previamente treinado. No início da pesquisa, pessoas com diagnóstico prévio de hipertensão foram excluídos, assim como aqueles com histórico de doença cardiovascular. O tempo médio de seguimento da pesquisa foi de quatro anos.


O grupo foi então separado em quatro categorias: quem nunca ou quase nunca tomava café, quem bebia menos de uma xícara por dia, aqueles que consumiam de uma a três xícaras por dia e mais e os que bebiam mais de três xícaras por dia. A medida padrão era de uma xícara pequena (50 ml). E a presença de hipertensão foi definida com o valor de pressão acima de 140 por 90 milímetros de mercúrio (mmHg), o uso de medicação anti-hipertensiva ou ambos.


Nível de consumo

“Em estudos prévios, já é bem documentado que o tabagismo é um fator de risco, fortemente associado com a ingestão de café e que pode exercer influência no desenvolvimento de doença cardiovascular, em especial na hipertensão. Por esse motivo, na pesquisa foi avaliado o efeito da interação do café com o tabagismo.”


A pesquisa apurou que o consumo médio de café é de 150 ml por dia, o equivalente a três xícaras. “A maioria dos participantes relatou consumir a bebida com cafeína, filtrada/coada e com adição de açúcar, o que corresponde ao hábito tradicional de consumo de café pelos brasileiros. Durante os quatro anos de acompanhamento, um total de 1.285 participantes desenvolveu hipertensão”, destaca Andreia. “Dessa forma, foi possível observar uma associação significativa inversa entre o consumo moderado de café e a incidência de hipertensão. Ou seja, comparativamente às pessoas que nunca ou quase nunca tomavam café, o risco de hipertensão foi aproximadamente 20% menor naqueles que ingeriam de uma a três xícaras por dia”. “Estudos recentes mostram que o efeito benéfico do consumo moderado de café é atribuído aos polifenóis, compostos bioativos que são encontrados em abundância nessa bebida.”


O efeito benéfico do consumo moderado de café é atribuído aos polifenóis, que são compostos bioativos encontrados em abundância nesta bebida

Como foi verificada uma interação significativa entre o hábito de fumar e a ingestão de café, novas análises estatísticas foram realizadas. “Verificou-se então uma diminuição do risco de hipertensão somente em pessoas que nunca fumaram e tomavam de uma a três xícaras por dia”, afirma a pesquisadora.


A pesquisa teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e contou com a colaboração dos professores Alessandra Goulart, Isabela Benseñor e Paulo Lotufo, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário (HU) da USP e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e da professora Dirce Marchioni, da FSP. Os resultados da pesquisa são apresentados no artigo Coffee consumption and risk of hypertension: A prospective analysis in the cohort study, publicado no Clinical Nutrition Journal.

Fonte: Jornal da USP



13 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page